O projeto PTDC/MAR/099642/2008 “Filogenia e quimiodiversidade de cianobactérias simbióticas em esponjas marinhas”, com a referência FCOMP-01-0124-FEDER-010568, financiado pelo Programa Operacional Factores de Competitividade - COMPETE e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia tem como principal objetivo compreender o papel das cianobactérias em associação com esponjas.

Neste projeto será estudada a diversidade de cianobactérias simbióticas em esponjas e a sua relação com as espécies de hospedeiros, em águas temperadas do Atlântico Norte. Serão usadas várias abordagens, desde métodos tradicionais com identificação baseada na morfologia e estrutura microscópica até métodos moleculares com primers específicos para as cianobactérias e esponjas.

O estudo da potencial produção de toxinas (hepato e neurotóxicas) será realizado através do uso dos primers que detetam genes envolvidos na síntese de microcistinas, ciliondrospermopsinas e saxitoxinas. Primers já desenhados e primers degenerados serão usados e no caso de respostas positivas, recorrer-se-à a PCR e métodos químicos para avaliar a produção de toxinas.

A avaliação da transmissão vertical das cianobactérias e a possibilidade de a associação com novas espécies poder ocorrer durante o desenvolvimento das esponjas serão estudados com larvas de esponjas. Utilizar-se-á imunolocalização para detectar e quantificar as cianobactérias, incubando-se larvas de esponjas livres de cianobactérias, com espécies de vida livre locais.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

As curas que podem vir do Mar

Assinalou-se no passado dia 22 de Maio de 2012 o Dia Internacional da Biodiversidade, este ano dedicado aos oceanos. A comunidade científica acredita que o mar é uma oportunidade de investimento. Também na área da saúde.
Aqui fica a notícia que passou na Rádio Renascença acerca deste tema.


"Cancro, doenças neurodegenerativas ou patologias de origem vírica ou bacteriana. Para estas e outras, a cura pode estar nos recursos marinhos. A comunidade científica admite que há cerca de 500 espécies com propriedades medicinais e a indústria farmacêutica está atenta. 

"Temos milhares de espécies - organismos invertebrados, peixes, microalgas - que têm uma capacidade de produzir substâncias que podem ser utilizadas no fabrico de produtos farmacêuticos", afirma Vítor Vasconcelos, especialista do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP), a única entidade que "está a trabalhar na pesquisa de produtos que possam ter interesse no tratamento de cancros, doenças neuro-degenerativas". 

"Encontrámos inclusive extractos que podem ser eficazes no tratamento de alguns tipos de herpes", precisa Vítor Vasconcelos. 

O próximo passo é solicitar à indústria farmacêutica uma validação da eficácia dos compostos "para ver se não são tóxicos para outro tipo de células". "Muitas vezes tem de ser também a indústria farmacêutica a fazer um rastreio final, porque, na maior parte dos casos, entre 1.000 ou 10.000 compostos, só muito poucos é que são realmente interessantes para aquilo que pretendemos". 

Mas persiste a falta confiança entre os centros de investigação e a indústria farmacêutica. Vítor Vasconcelos afirma que "aqui teremos de trabalhar um pouco mais no sentido de termos ligações mais estreitas, em que haja mais confiança entre ambas as partes para trabalharmos em conjunto soluções terapêuticas interessantes e sustentáveis à escala global". 

O investigador do CIIMAR-UP é o único português entre os vários especialistas europeus envolvidos na elaboração de um relatório com linhas de orientação para a investigação na área que liga os oceanos à saúde."