O projeto PTDC/MAR/099642/2008 “Filogenia e quimiodiversidade de cianobactérias simbióticas em esponjas marinhas”, com a referência FCOMP-01-0124-FEDER-010568, financiado pelo Programa Operacional Factores de Competitividade - COMPETE e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia tem como principal objetivo compreender o papel das cianobactérias em associação com esponjas.

Neste projeto será estudada a diversidade de cianobactérias simbióticas em esponjas e a sua relação com as espécies de hospedeiros, em águas temperadas do Atlântico Norte. Serão usadas várias abordagens, desde métodos tradicionais com identificação baseada na morfologia e estrutura microscópica até métodos moleculares com primers específicos para as cianobactérias e esponjas.

O estudo da potencial produção de toxinas (hepato e neurotóxicas) será realizado através do uso dos primers que detetam genes envolvidos na síntese de microcistinas, ciliondrospermopsinas e saxitoxinas. Primers já desenhados e primers degenerados serão usados e no caso de respostas positivas, recorrer-se-à a PCR e métodos químicos para avaliar a produção de toxinas.

A avaliação da transmissão vertical das cianobactérias e a possibilidade de a associação com novas espécies poder ocorrer durante o desenvolvimento das esponjas serão estudados com larvas de esponjas. Utilizar-se-á imunolocalização para detectar e quantificar as cianobactérias, incubando-se larvas de esponjas livres de cianobactérias, com espécies de vida livre locais.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

PROJETO DA UNIVERSIDADE DOS AÇORES JÁ IDENTIFICOU ATIVIDADE ANTITUMORAL EM ALGUMAS ESPÉCIES - Algas da costa açoriana podem agir contra o cancro


A Universidade dos Açores está a desenvolver um projeto (AzoAlg) que já indica a existência de potencial farmacológico em algumas algas que podem ser encontradas na costa açoriana.
DI falou com a responsável pelo projeto, Maria do Carmo Barreto, que participa no II Fórum Conhecer o Mar dos Açores, que se estende até hoje, no Faial. "Esse é um projeto que desenvolvemos na ilha de São Miguel desde 2006 e que já atingiu alguns resultados preliminares. Escolhemos algas existentes na ilha de São Miguel, mas que não são exclusivas da ilha e que são abundantes, não se tratando de espécies ameaçadas. Depois, quisemos algas que podem ser recolhidas na maré baixa, sem recurso ao mergulho, porque do ponto de vista económico serão muito mais interessantes", precisou.
Quanto a resultados, são otimistas. "Escolhemos cinco espécies e já testámos a atividade anti tumoral e antioxidante, em laboratório. Quase todas as espécies registaram atividade anti tumoral, duas com resultados muito bons. Também se verificaram propriedades antioxidantes", adiantou.
Mais parceiros
O passo que agora se impõe é identificar os componentes que são responsáveis por este potencial farmacológico. O projeto já despertou o interesse de outras universidades."Antes estava apenas a Universidade dos Açores envolvida, mas agora temos também a Universidade de Aveiro, a Universidade do Porto e a de La Laguna, nas Canárias", exemplificou Maria do Carmo Barreto, investigadora do polo de Ponta Delgada da academia açoriana.
O cenário ideal é a investigação resultar na identificação de uma molécula que dê lugar a um medicamento. "Seria o ideal, embora tenhamos consciência da dificuldade de isso acontecer. Em termos económicos, o impacto seria importante. Tratar-se-ia de conseguir uma patente e vendê-la a uma farmacêutica", adiantou.
Entretanto, a abertura do encontro, ontem, ficou marcada pelas declarações do pró-reitor da Universidade dos Açores Ricardo Serrão Santos, que garantiu que os Açores asseguram hoje 40 por cento da investigação marinha desenvolvida no espaço das Regiões Ultraperiféricas da União Europeia.
"No âmbito das regiões ultraperiféricas europeias, os Açores são a que alcançou maior importância no domínio das Ciências do Mar, em especial nas disciplinas biológicas e afins, representando cerca de 40 por cento da investigação científica de relevância internacional", avançou.
Porém, avançou preocupação pelo corte de verbas que se adivinha em cenário de crise para a área da investigação. "Esta crise tem tido e terá reflexos nos setores mais imediatos das nossas vidas, nos salários familiares, na estabilidade dos contratos (incluindo os bolseiros), no acesso ao emprego e às bolsas, no acesso ao financiamento e, infelizmente, também na gestão dos financiamentos anteriormente obtidos, quando são feitos por instituições públicas", adiantou, frisando a importância de se continuar a investir na área.
"É preciso continuar a investir, formar, ter equipamentos e infraestruturas que permitam aceder de modo próprio a esses recursos e ao seu conhecimento", advogou.
"Corsários"
Também presente na abertura do evento esteve o secretário regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, José Contente. O governante frisou que entre as 60 bolsas de doutoramento que o Governo Regional lançou a concurso este ano, metade estão ligadas aos assuntos do mar.
"Isto revela bem a importância do tema da investigação marinha", considerou.
Além disso, defendeu que a Região tem de marcar a sua posição no campo dos recursos que o mar pode proporcionar, nomeadamente no campo dos minérios. Assegurou que o Governo Regional "vai continuar a apostar fortemente" na universidade, para que a Região possa estar preparada, científica e juridicamente, para os "novos piratas e corsários do Atlântico" que pretendam fazer exploração mineral nas águas da região, isto segundo declarações citadas pela Agência Lusa.
Até hoje, o fórum reúne dezenas de especialistas em assuntos do mar, desde as riquezas que escondem os fundos marinhos, passando pela aquacultura ou pelo potencial farmacológico das algas, entre muitas outras matérias.